Não é a toa que Ji-Paraná é chamada de “Coração
de Rondônia”, pois se localiza praticamente no centro do Estado e, em razão
disso, proporciona os maiores encontros de roqueiros rondonienses. Foi assim no
que já foi chamado de “maior festival de rock do país” – sério, uma edição do
Rock in Jipa reuniu 56 bandas certa vez – e foi assim no Rondon Rock que, por
sua vez, reuniu 20 bandas nos dias 14 e 15 de novembro de 2017.
Vindas, Ouro Preto, Porto Velho,
Rolim de Moura, Ariquemes e Vilhena, além da convidada especial Ana Lu (que é
de Roraima), as bandas foram responsáveis por dois dias de celebração e
nostalgia do rock rondoniense. Um grande encontro de gerações que com certeza
trouxe lembrança de outras épocas da música em nosso estado, como a ideia da
criação do Festival Beradeiros (que irá retornar em 2018) foi surgida também em
um evento realizado em um Rock in Jipa que reuniu bandas de Porto Velho e Rio
Branco (AC) dando o estopim a um movimento que além do festival Beradeiros fez
surgir o Guerrilha Festival, que logo após se tornou o Festival Varadouro. Este
último foi um dos grandes festivais da região Norte, mas não é mais realizado
na capital acreana.
Voltando ao Rondon Rock, o festival foi
impecavelmente organizado, com pouquíssimos atrasos, atendimento total às
bandas de fora da cidade. Fruto de iniciativa da Fundação Cultural de Ji-Paraná
e com apoio da Brilhante MKT em parceria com a SICOOB local o festival já nasceu grande e, com certeza, já queremos a
edição de 2018 que promete ser mais concorrida ainda para participar.
Ana Lu
O único “porém” do evento foi que
inicialmente a proposta era ser 100% autoral, mas infelizmente não foi possível
cumprir isso, a maior parte das bandas da cidade anfitriã se arriscou com
covers e interpretações, ora bem executados, ora mais ou menos. Como “álibi” da
cidade podemos concordar que o festival foi uma espécie de ressurreição do rock
local, sendo que Ji-Paraná é única “grande cidade” de Rondônia que não possui
uma casa que fomente especificamente o estilo por estas bandas.
Subpop
Representando Vilhena a banda Subpop mostrou
novamente seu show “redondinho”, com as músicas recém-lançadas “Seios”, “Vilhenaro
e os poluíticos”, “Educa cão” (favorita aqui do blog) entre outras, valorizando
as guitarras capitaneadas por Derek Ito e William Lázaro.
Ariquemes também está se tornando um
importante reduto do rock autoral rondoniense e foi representada pela MPB/Rock
de Marcos Bieseki, ex-integrante da banda seminal Os Químicos, também Fuska 69
com seu som fortemente influenciado pelo rock nacional dos anos 90 e a banda Os
Últimos, uma das melhores do estado, com seu power trio Tom/Laura/Rogério,
mostrando seu som swingado e competente, através de hits como “De alma” e “Rock
and Roll”.
Já Porto Velho tem uma cena autoral
consolidada e veio representada pelo som rock e regional das bandas Beradelia e
Quilomboclada, que carregam a bandeira do som beradeiro onde quer que vão, e
também pelo som pesado da banda Coveiros, que fechou lindamente com seu
metal/hardcore/crossover a primeira noite do festival debaixo de chuva que não
afastou os entusiastas do estilo que ficaram até o fim do show. Destaque também
para o reggae do disco “Luz e Som”, da voz doce, mas imponente, de Ana Lu.
Ouro Preto d’Oeste, cidade que fica a 30
minutos de Ji-Paraná, “mandou” como representante a banda O Retro Ativo, que
também se destaca com seu som autoral e entrega em palco, com seu vocalista e
guitarrista Yves Castro se mexendo, cantando e tocando freneticamente. A banda é reconhecida
por seu som experimental, mas um grande destaque da banda era fora do palco:
entre os materiais a venda havia a “Retroaba”, a catuaba da banda, que aliás
lançou recentemente um clipe com o nome da bebida “Catuaba por você”.
Os Últimos
Encontros como esses fazem animar a cena rock
de Rondônia e dar um gás principalmente para bandas de Ji-Paraná possam buscar
seus sons próprios, por meio de várias bandas competentíssimas que existem lá.
2018 está logo ali. =]