DISCORDO E CONCORDO AO MESMO TEMPO, poucas cidades de Rondônia dão espaço para as bandas
locais em eventos oficiais do município como Vilhena, sendo os programas “Arte
na Praça” e “Noite da Seresta” os canais mais viáveis para esse acesso a um
público diferente do que os roqueiros (com aspas ou não) estão habituados.
A oportunidade de
tocar fora da sua zona de conforto pode causar estranhamento, tanto para a
banda quanto para o público, mas se as pessoas não tiverem acesso ao que
acontece na cidade como elas poderão decidir o que é bom ou não para elas
mesmas?
Tem um livro
chamado “10 anos de Goiânia Noise – em terra
de cowboy quem toca guitarra é doido” que narra a saga de um dos festivais
mais importantes da cena independente brasileira e como o mesmo serviu como
canal para transformar a capital exportadora de duplas de sertaneja do país em
uma das principais cenas rock do país que abriga, além do Noise, os festivais
Bananada e Vaca Amarela, cada um referência na sua linguagem. Por que a gente também não pode conseguir?
Tem horas que a língua
coça para dizer “no meu tempo era diferente”, mas eu estou inserido nesse tempo
que é AGORA, então tenho que parar de reclamar e arregaçar as mangas novamente.
Mas “uma andorinha só não faz verão”, certo?
Esses dias escutei
(li na verdade) um “quando tiver lotado chama a gente”, vindo de um representante
de banda local. Chamo, mas na fila tem muita gente na frente. Gente que está no
rolê e que chama público por si só como Subpop e Loop7 (citei as duas por causa
do nome mais consolidado) tem preferência na fila, sem medo de dizer que estou
exagerando. Quase todo mundo quer tocar no Rock in Rio, mas só se tiver um QI
muito alto para queimar todas as etapas e chegar direto lá, compreende?
Chame público e não tenha medo para tocar para meia dúzia de gatos pingados (pingado, hahaha, desculpa, piada interna) que são justamente os caras que querem ver e prestar atenção na sua banda. Melhor do que 100 pessoas que nem olham pro palco e esperam o próximo tributo vir...
Enfim, Vilhena é
uma cidade tomada pelo sertanejo porque os caras da viola não tem medo de
ocupar os espaços, quaisquer que sejam e se tiver algo contra eles os
incomodados que se retirem. Para eles não tem tempo ruim e falta isso para as
bandas vilhenenses: brio para ocupar espaços.
Não reclame de
falta de espaços se vocês não fazem por onde ocupá-los. Os camisas pretas
estarão lá para fazê-los lembrar do porque o rock é especial: ele nunca morre.
Acho que a música sertaneja permeou a infância e até mesmo a adolescência de muitas pessoas que hoje estão na casa dos vinte ou trinta anos, pois é bem provável que seus pais tinham mais apreço ou mais acesso a esse gênero. O rock n' roll, como alguns estilos de vanguarda, parece ter um público mais seleto e consequentemente menor. Se por um lado o rock pode se manisfestar em canções estritamente dançantes, muitas letras, melodias e modos de se vestir sugerem a necessidade de reflexão sobre as coisas do mundo. A música sertaneja já fez isso um dia. Não sei, mas será que em algum lugar deste país há algum grupo engajado no ativismo em prol da música sertaneja, denunciando a ascensão descontrolada e a predominância dessa invenção cujo pai é o Diabo?
ResponderExcluirNunca vi Vilhena com tanto espaço para bandas quanto hoje, e o melhor, pagando, quer dizer as vezes. Porque existe casa, observe, c a s a de shows no singular, que insiste em fazer das bandas seus fantoches. Mas hoje só não toca na noite quem não quer, pois nem talento hoje está sendo requerido mais. No nosso tempo neto, ou tocávamos no ensaio ou raras as exceções conseguíamos tocar em butecos, rsssss isso em 2000, 2002......
ResponderExcluirExcelente.
ResponderExcluirDisse muito sobre o assunto.